domingo, 11 de março de 2012

Rio Preto vira canteiro de obras


 
Em 2012, ano eleitoral, o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) transformou Rio Preto em um canteiro de obras. São 19 em andamento, com previsão de inauguração ainda no primeiro semestre, e duas já prontas, mas ainda não inauguradas oficialmente, que totalizam R$ 144,5 milhões. O volume de obras em 2012 é maior do que aquilo que foi entregue pelo prefeito nos outros três anos de gestão: foram 14 obras no período, incluindo a reforma de escolas, construção de creches e a instalação da fonte luminosa na Represa. 



Das 21 obras, 14 estão com o cronograma atrasado, incluindo os quatro Núcleos da Esperança, grande promessa do prefeito na última eleição, cuja previsão de entrega era para dezembro de 2011, e a reforma ou construção de sete unidades de saúde, outra área eleita como prioritária na campanha de 2008. Em janeiro, o atraso motivou a rescisão do contrato com a empreiteira Vértice para a reforma e ampliação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Parque Industrial, Solo Sagrado, Jardim Vetorazzo e o distrito de Talhado. Segundo o secretário de Comunicação, é possível que parte dessas obras seja inaugurada pelo prefeito no próximo dia 19, aniversário da cidade. 


Na distribuição geográfica das obras, a maioria se concentra na zona norte, maior colégio eleitoral da cidade e única região onde Valdomiro ficou atrás do rival João Paulo Rillo (PT) nas eleições de 2008. São oito obras na região norte, incluindo dois Núcleos da Esperança e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Jaguaré, obra mais cara da atual gestão na saúde, R$ 3,4 milhões. 

A maior das obras deste ano é a canalização do rio Preto, R$ 34,5 milhões, finalizada em dezembro e pronta para ser inaugurada. A obra está ligada à urbanização do entorno da canalização, orçada em R$ 8 milhões e iniciada no mês passado pela Constroeste. Outra obra encerrada recentemente, mas ainda não inaugurada, são as intervenções antienchentes nos córregos Canela e Borá, ao longo das avenidas José Munia e Juscelino Kubitschek. 

Concentrar obras em ano eleitoral é costume recorrente na política brasileira, diz o cientista político da Unesp, Milton Lahuerta. “A coisa pública está quase sempre voltada aos interesses particulares do governante de plantão. E a maioria dos prefeitos já começa a pensar na reeleição tão logo assume o posto. Por isso, acaba concentrando as obras, que é a parte mais visível da gestão, no ano em que concorre à reeleição”, afirma. 

O secretário de Obras Luís Carlos Calças nega que a concentração de obras em 2012 tenha finalidade eleitoral. Ele responsabilizou as construtoras pelos atrasos. “O prefeito não tem responsabilidade sobre a demora na conclusão das obras. O problema é que as empresas não concluíram as obras dentro do cronograma estipulado pela Prefeitura. Imprevistos, como chuvas e falta de mão de obra, surgem durante o andamento das obras”, disse. A resolução 23.370, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proíbe a qualquer candidato “comparecer, a partir de 7 de julho de 2012, a inaugurações de obras públicas”, sob pena de cassação do registro da candidatura. 

R$ 130 milhões contra enchente 

O secretário de Planejamento da Prefeitura de Rio Preto, Milton Assis, afirmou que 28 empresas poderão participar da licitação de R$ 130 milhões para as obras antienchentes nos canais dos córregos Borá e Canela. As empresas habilitadas a participar do certame fizeram a “visita técnica” exigida pela Prefeitura. O prazo para a visita terminou na última quinta-feira, dia 8. A licitação prevê a construção de piscinões, nove reservatórios subterrâneos, um deles com 60 metros de diâmetro e 12 metros de profundidade, além da construção de um novo canal de 3,2 quilômetros na avenida Bady Bassitt, paralelo ao canal já existente, e galerias de água pluvial. 

A empresa vencedora da licitação terá 24 meses para concluir as obras antienchentes. Essas obras deverão barrar 400 milhões de litros de água e evitar os recorrentes alagamentos nas avenidas Alberto Andaló e Bady Bassitt. Os piscinões na bacia do córrego Borá (entre as pistas da avenida Juscelino Kubitschek) vão conter 170 milhões de litros de água, que serão escoadas pelo novo canal da avenida Bady Bassitt. Já as intervenções na bacia do córrego Canela (entre as duas pistas da avenida José Munia), que incluem também obras nas avenida Brasilusa e Romeu Strazzi, conseguirão barrar 230 milhões de litros de água. 

Adversários pedem atenção da Justiça 

Adversário político de Valdomiro Lopes e possível concorrente do atual prefeito nas urnas, o deputado estadual João Paulo Rillo (PT) criticou a concentração de obras em 2012 pela atual gestão. Em nota, o petista disse esperar que o Ministério Público fique atento para impedir a utilização eleitoral das obras. “A provável disputa da Prefeitura por um candidato à reeleição exige cuidados redobrados da Justiça Eleitoral para impedir o uso da máquina pública e o abuso de poder”, conclui. 

Também pré-candidato a prefeito, Manoel Antunes (PDT) cobrou atenção dos eleitores. “Cabe à população avaliar os motivos da demora para inaugurar as obras”, disse. Procurado, o deputado federal e pré-candidato Edinho Araújo (PMDB) informou, por meio de sua assessoria, que não iria se manifestar sobre o assunto.

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