terça-feira, 3 de abril de 2012

Avaliação do Estado reprova 16 escolas


Das 27 escolas estaduais de Rio Preto com ensino médio, 16 não atingiram as metas em língua portuguesa e matemática previstas para 2011. Pior: das 16, dez instituições regrediram em relação ao ano anterior no mesmo ciclo.

Os dados são do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), do governo estadual. Dos três ciclos do ensino (1º a 5º ano e 6º a 9º ano do fundamental e 1º a 3º ano do médio), o ciclo final teve o pior desempenho no município (veja quadro nesta página).

“É trágico saber que as escolas não conseguem avançar, ou mesmo regridem, no conhecimento transmitido a alunos prestes a ingressar em uma faculdade”, diz Maria Izabel Azevedo Noronha, especialista em políticas educacionais e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). “O resultado são cidadãos pela metade, que saem da escola sem saber interpretar textos nem fazer contas simples de aritmética.”

Entre as instituições que não cumpriram a meta para 2011, os mais baixos índices foram das escolas Octacílio Alves de Almeida, no bairro São José do Rio Preto 1 (1,33) e Yvete Gabriel Atique, no Eldorado (1,36). A primeira aumentou seu índice em relação a 2010, o que não ocorreu com a Yvete, cujo índice caiu de 1,45 para 1,36.

“Tento levar os estudos a sério, mas não tenho nenhum tipo de incentivo por parte da escola”, diz N.S., 17 anos, aluno do último ano do ensino médio da Yvete. “Os professores faltam, muitas vezes estão cansados de dar aula o dia inteiro e não tem a mesma disposição das aulas de manhã”, diz G. P. S., 17 anos.

“Tenho medo de não conseguir ingressar na faculdade,por não ter base necessária de ensino”, afirma M. A. C., 18 anos. Procurada, nem a direção da Octacílio nem da Yvete quiseram se pronunciar sobre o assunto. Maria Izabel atribui o mau resultado ao sistema de progressão continuada, em que o aluno só é retido de série ao final de cada um dos três ciclos, e à falta de comunicação entre o Estado e as prefeituras.

“Com a municipalização do ensino fundamental, houve uma fragmentação pedagógica grave. Quando o aluno sai de uma escola municipal e entra na estadual, sofre um grande descompasso no sistema de ensino”, afirma. Para a especialista, a educação na rede pública só avança se a escola se tornar atrativa para o jovem.

“Esse é um caminho longo, mas possível. Basta traçar planos pedagógicos concatenados e investir na formação e no ganho salarial do professor.”Procurada, a diretora regional de ensino, Maria Silvia Nakaoski, não quis se pronunciar sobre o caso. A assessoria da Secretaria de Estado da Educação informou por meio de nota que, para avaliar os motivos para o baixo desempenho das escolas rio-pretenses no ensino médio, seria necessário fazer “uma análise minuciosa e aprofundada”.

“De todo modo, quaisquer que sejam os fatores relacionados às oscilações apontadas, o avanço dos dados globais do Idesp mostram que a educação do Estado de São Paulo está no caminho da melhoria da qualidade”, conclui a nota.

Avaliação constante

Na escola Monsenhor Gonçalves, bairro Boa Vista, mudanças pedagógicas simples e combate à evasão resultaram no melhor desempenho no último ano do ciclo médio em Rio Preto em 2011: 3,4. Há dois anos a direção da Monsenhor implantou um sistema de avaliação bimestral dividido em três áreas: códigos de linguagem, ciências humanas e ciências da natureza.

“Com isso, temos uma avaliação precisa das competências e habilidades de cada aluno”, diz a vice-diretora Elenira Franzotti. O colégio também criou um projeto de leitura semanal em sala de aula, além de um rígido controle de faltas para evitar evasão. “Faltas sucessivas quebram o fluxo escolar do aluno. Por isso contatamos os pais quando um aluno começa a faltar sucessivamente”, afirma Elenira.

9º ano

No 9º ano do ciclo fundamental, o desempenho das escolas estaduais rio-pretenses é melhor. Das 29 escolas que oferecem esse ciclo, 12 não cumpriram as metas para 2011. Nesse ciclo, o melhor desempenho foi da escola Pio X, no bairro Santa Cruz, com 4,38.

Mesmo assim, o colégio não atingiu a meta para o ano, que era de 4,46. Das que não cumpriram a meta, o pior desempenho foi, novamente, da Octacílio Alves de Almeida. Das seis escolas do Estado que oferecem o primeiro ciclo do fundamental (1º ao 5º ano), apenas duas cumpriram a meta para o último ano.

Índice se baseia no Saresp

Criado em 2007, o Idesp é um índice produzido a partir do desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar (Saresp) e do fluxo escolar, cálculo do tempo que o estudante leva para aprender os conteúdos exigidos em língua portuguesa e matemática dentro dos três ciclos de ensino. A rede estadual trabalha com o conceito de progressão continuada, em que o aluno só regride de ano no final de cada ciclo.

Os alunos do último ano de cada ciclo da rede estadual são avaliados anualmente, e cada escola tem um índice e uma meta para o ano. Desde 2009, se a escola cumpre a meta, todos os servidores da instituição recebem bonificação salarial, que pode chegar a 2,9 salários extras, conforme a frequência do funcionário - para receber o bônus, o servidor precisa ter trabalhado na rede por, pelo menos, dois terços do ano. Pelo Idesp, até 2030 as escolas paulistas precisam atingir índice 7 no 5º ano do ensino fundamental, 6 no 9º ano e 5 no último ano do ensino médio.

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